terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A busca da satisfação

"As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. "(ICor 2.9)

Dentro de você, lá no fundo, habita um pássaro. Ouça. Você o ouvirá cantando. Sua ária lamenta o entardecer. Seu solo sinaliza o amanhecer.
É o canto do coringa.
Ele não se cala até que o sol seja visto.
Nos esquecemos de que ele está ali, por ser tão fácil de se ignorar. Outros animais do coração são maiores, mais barulhentos, mais exigentes, mas autoritários.
Mas nenhum é tão constante.
Outras criaturas da alma são alimentadas mais rapidamente. Satisfeitas de forma mais simples. Alimentamos o leão que ruge por poder. Acariciamos o tigre que exige afeto. Colocamos freios no garanhão que pula várias vezes no ar querendo controle.
Mas o que fazemos com o curinga que anseia pela eternidade?
Pois esta é a sua canção. Esta é a sua tarefa. Na noite escura ele canta uma canção de ouro. Pousando no tempo ele gorjeia uma canção eterna. Perscrutando através da capa de dor, ele vê um lugar sem dor. Ele canta sobre este lugar.
E embora tentemos ignorá-lo, não conseguimos. Ele é como cada um de nós, e o seu canto é nosso. A canção do nosso coração não irá se calar até que vejamos o amanhecer.
Deus pôs a eternidade no coração do homem (Ec 3.11), diz o sábio. Mas é preciso ser um sábio para perceber que as pessoas almejam algo mais do que a terra. Quando vemos a dor, ansiamos. Quando vemos a fome, perguntamos por quê? Mortes sem sentido. Lágrimas sem fim. Perdas desnecessárias. De onde elas vêm? Para onde se dirigem?
Não há algo mais para a vida do que a morte? Nunca ficaremos satisfeitos deste lado do céu?
A busca humana por satisfação permeia a história. Todo homem e toda mulher a desejam ardentemente. Alguns a buscam em relacionamentos, alguns nos bens e outros na riqueza. No entanto, a Bíblia tem muito a dizer sobre esta ideia de satisfação.
Percebi que o único desastre definitivo que pode nos ocorrer é nos sentirmos completamente em casa na terra. Visto que somos estrangeiros, não podemos esquecer a nossa verdadeira pátria.
E o nosso coração só estará em paz quando o virmos. "Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar" (Salmos 17.15)
Satisfeito? Isto é uma coisa que não estamos. Não estamos satisfeitos. Afastamos a nossa cadeira da mesa do banquete e batemos em nossa barriga redonda. "Estou satisfeito", declaramos. Mas olhe para nós algumas horas mais tarde, de volta à cozinha pegando as sobras.
Acordamos depois de uma boa noite de descanso e pulamos da cama. Não poderíamos voltar a dormir mesmo que alguém nos pagasse para isso. Estamos satisfeitos - por um momento. Mas olhe para nós 12 horas mais tarde, nos arrastando de volta para baixo dos lençóis.
Tiramos as férias de toda uma vida. Por anos planejamos. Por anos economizamos. E então partimos. Nos saciamos com sol, diversão e boa comida. Mas não estamos nem no caminho de casa antes de temermos pelo fim da viagem e começamos a planejar uma outra.
Por quê? Porque não há nada na terra que possa satisfazer o nosso anseio mais profundo. Desejamos ardentemente ver a Deus. As folhas da vida estão farfalhando com o rumor de que o veremos - e não estaremos satisfeitos até que isso aconteça.


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